Resumos da matéria e exercícios resolvidos de todas as disciplinas do 9º ano de escolaridade:

Português, Inglês, Matemática, Ciências Naturais, FQ, Francês, História, Geografia.

Exames e testes intermédios.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

O Auto da Barca do Inferno continua actualizado

O Auto da Barca do Inferno é uma peça que se enquadra na actualidade, na medida em que diversas ocorrências do quotidiano se assemelham a situações da peça referida.
Todas as personagens têm características idênticas à sociedade actual. Segundo o lema do provérbio latino ‘’ Ridendo Castigat Mores ‘’ (a rir se corrigem os costumes), Gil Vicente pretende fazer uma crítica atrevida de diversos vícios sociais, nomeadamente do clero e da nobreza, ridicularizando-os e moralizando-os de uma forma cómica, mas dizendo todas as verdades; verdades essas que ainda persistem, visíveis nas características das pessoas:
O Fidalgo caracteriza-se pela sua presunção, altivismo, vaidade e tirania sobre o povo (critica à classe social da nobreza); aproveita-se também da sua condição social para desprezar o povo, que na actualidade se verifica através de indivíduos que julgam ter o mundo nas mãos através das suas posses.
O Onzeneiro morreu subitamente quando cobrava o dinheiro emprestado com o juro excessivo, caracterizando-se assim pela ambição e avareza, que cada vez mais existe na sociedade de hoje em dia, ou seja, as pessoas não olham a meios para adquirir bens.
O Parvo é ingénuo, humilde, irónico, simples, exprime a pureza dos pobres de espírito e é comparável aos inocentes da época contemporânea, enganados por exploradores.
O Sapateiro identifica-se com a hipocrisia e ignorância dos católicos do seu tempo, que são falsos cristãos, e acha que será absolvido por uma prática religiosa que não aplica no dia-a-dia, o que também se sucede agora, como por exemplo em pessoas que se dizem muito crentes e fazem tudo para o parecer, mas na realidade têm atitudes opostas, metendo-se na vida alheia.
Na cena do Frade pretende-se criticar o carácter mundano deste e também o clero pela desconformidade entre actos praticados e ideias defendidas, mostrando o aspecto mais devasso da classe social, que por vezes também se reflecte na actualidade.
A Alcoviteira é uma mulher cuja actividade se relaciona com amores ilícitos e o seu comportamento liga-se à mentira, astúcia e hipocrisia, relacionando-se com a prostituição, intriga e mentira, que cada vez existe em maior número.
O Judeu apresenta a intolerância demonstrada naquela época relativamente às opções religiosas, como ainda podemos constatar nos tempos de hoje, não só a nível religioso mas também outras opções são condenadas.
O Corregedor e o Procurador representam uma crítica fraudulenta da justiça actualmente verificada.
O Enforcado caracteriza a ignorância e tirania do povo, que julgava as pessoas que por vezes não tinham culpa, o que ainda acontece porque por vezes há acusações injustas.
Os 4 Cavaleiros sacrificaram as suas vidas pela pátria, tornando-se os heróis da peça, que é um valor que se está a perder.
Mudam-se os tempos, mas há velhos hábitos que nunca mudam.

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